Não há dúvida que ao definir-se o material a aplicar numa rede para transporte de água, várias questões se levantam. A que surge em primeiro lugar costuma ser o investimento. Mas tal quesito é aparente, quem nunca ouviu comentar a célebre expressão que “o barato sai caro”? Parte-se muitas vezes do princípio que por ser bom, terá de ser caro, mas quando falamos em materiais que compõem as redes não é bem assim.
Optar por uma solução economicamente mais vantajosa, poderá trazer um custo superior no futuro (elevada taxa de roturas e avarias, aumentando o nível de perdas de água na rede). Por outro lado, com a actual crise económica que ainda afeta o setor, há uma necessidade acrescida de se racionalizar e legitimar os investimentos, pelo que pode ser injustificado optar por soluções técnicas que tenham um investimento elevado.
Num processo de escolha de materiais de rede existem dois requisitos importantes a assinalar: A longevidade e a fiabilidade do material. O activo em que a entidade gestora irá investir, deverá ter uma longevidade e fiabilidade próprias para o fim a que se destinam. Para tal, a entidade gestora recorre ao apoio dos fabricantes, do gabinete de projecto e por vezes à empresa construtora, no auxílio da melhor opção de materiais a utilizar na sua rede. Procurando garantir decisões adequadas, são colocadas na balança da decisão algumas variáveis que influenciam a escolha dos materiais, tais como:
- A durabilidade e fiabilidade
- O investimento e sua sustentabilidade
- A qualidade, comprovada por certificados de produto e certificado ACS (se aplicável)
- O suporte técnico pós-venda
A juntar a estas variáveis e directamente ligadas à fiabilidade do material, temos as de cariz mais técnico:
- Coeficientes de segurança
- Capacidade hidráulica
- Permeabilidade e migração iónica
- Reacção do material ao hipoclorito de Cálcio ou Sódio
- Instalação adequada
Uma escolha não ponderando este conjunto de factores, irá reflectir-se nas perdas de água à medida que as infraestruturas forem envelhecendo. Ou seja, actualmente as perdas de água reais e aparentes podem também ser consequência das escolhas feitas no passado.
A durabilidade das condutas está também relacionada com os custos de renovação no futuro. Tendo em conta que a ERSAR recomenda que a taxa de reabilitação anual de condutas seja de 1,2%, é importante que os materiais tenham uma longevidade tal, que não permita que o património envelheça mais rápido do que a velocidade com que é resposto.
Não menos importante é a fiabilidade da rede, que fica seriamente comprometida caso a instalação não seja feita de acordo com as recomendações do fabricante, com uma fiscalização rigorosa no terreno e com os devidos ensaios das condutas. Mesmo material de boa qualidade, não será adequado se após uma instalação deficiente ou se sujeito a condições de serviço para o qual não foi concebido, originar roturas e perdas de água.
Actualmente existem na Europa formações certificadas na área da instalação de condutas, reconhecendo os recursos de empresas instaladoras e de fiscalização nas melhores práticas a ter em obra, pelo que os instaladores e empresas de fiscalização deverão ser dotados de conhecimentos e formação nesta área. Já existe em Portugal formação certificada em materiais de redes (tubos, acessórios e válvulas).
É pois de extrema importância, que após a escolha dos materiais a aplicar na rede, a entidade gestora saiba exactamente o porquê da sua opção e como fundamentá-la com dados concretos.