Perguntas frequentes sobre testes à COVID-19 em águas residuais
A pandemia COVID-19 amplificou a necessidade de métodos confiáveis e oportunos de monitorização ambiental para combater doenças transmissíveis.
Em outubro de 2020, a LuminUltra anunciou a patente para a primeira solução de testes à COVID-19 em águas residuais – rápida e usada no local para tornar a avaliação da saúde comunitária não invasiva e mais acessível.
Em colaboração com investigadores, a LuminUltra adaptou a sua tecnologia de teste ambiental COVID-19 para criar um método inovador para identificar SARS-CoV-2 em águas residuais.
Mas o que são os testes à COVID-19 de águas residuais ? Como funciona? E quem pode beneficiar do seu uso? Neste artigo, responderemos a algumas destas perguntas e explicaremos um pouco mais sobre este sistema vital de alerta precoce.
O que é que são os testes à COVID-19 de águas residuais?
O vírus COVID-19 é eliminado nos dejetos humanos e cria uma carga viral combinada nas águas residuais afluentes – água que flui de casas e escritórios para estações de tratamento e bacias hidrográficas. Amostras dessa água residual afluente são testadas quanto à presença do patógeno SARS-CoV-2. É assim possível que a saúde pública identifique áreas ou comunidades com infeções – mesmo em portadores assintomáticos ou pré-sintomáticos – e elabore uma resposta precoce.
Desde que o vírus foi identificado, cientistas e engenheiros de todo o mundo têm trabalhado arduamente para desenvolver tecnologia que possa detetá-lo de forma rápida e confiável para limitar a disseminação pelas comunidades. As agências de saúde pública usam testes clínicos para identificar portadores humanos individuais, mas métodos mais amplos também podem ser usados para detetar SARS-CoV-2 numa comunidade ou ambiente.
Um dos métodos baseados na população é o teste em águas residuais. Embora testar águas residuais para patógenos não seja um conceito novo, a pandemia COVID-19 deixou claro que o teste de águas residuais é uma ferramenta inestimável em qualquer luta contra doenças transmissíveis.
Simplificando, os testes à COVID-19 de águas residuais são verdadeiramente inovadores no que toca à deteção precoce do SARS-CoV-2, o patógeno que causa a COVID-19.
Quais são os benefícios dos testes à COVID-19 de águas residuais?
O teste de águas residuais atua como um método de triagem localizado, feito em massa. É uma estratégia simples e económica que pode identificar casos de COVID-19 através de medidas não invasivas. Quando comparados a testes clínicos, os testes de águas residuais fornecem às autoridades de saúde pública uma semana inteira de tempo de espera para os dados de taxa de infeção. Como o SARS-CoV-2 pode ser identificado nos resíduos de portadores assintomáticos ou pré-sintomáticos, o teste de águas residuais concentra-se em surtos na comunidade que seriam potencialmente identificados muito mais tarde, apenas com testes clínicos.
Os testes clínicos, embora sejam uma forma eficaz de identificar casos individuais de COVID-19, são apenas parte de uma estratégia completa de testes comunitários. O teste em águas residuais é uma ferramenta poderosa de alerta precoce para informar outros testes clínicos, restrições e outras medidas de saúde pública.
Fontes de saúde pública sugerem que 40% dos casos de COVID-19 são provavelmente assintomáticos, o que significa que há uma boa chance destes indivíduos não requererem ou não se qualificarem para um teste clínico.
Como funcionam os testes à COVID-19 em águas residuais?
Primeiro, é feita a colheita de uma amostra numa estação de tratamento de águas residuais ou bacia hidrográfica. A amostra é depois combinada com um tampão de lise e esferas magnéticas. De seguida, aplica-se um íman para concentrar o RNA viral (ácido ribonucléico) nas esferas. A amostra é depois lavada e o RNA é diluído para análise. Finalmente, o RNA purificado é misturado com reagentes e analisado para SARS-CoV-2 num dispositivo GeneCount® qPCR. Os resultados quantitativos são emitidos como cópias do gene / mL.
Convencionalmente, testar águas residuais para COVID-19 é um processo caro que pode levar pelo menos oito horas até se obterem resultados. Os métodos de teste tradicionais requerem treino e equipamento altamente especializado, oferecendo, por norma, uma baixa recuperação viral (10% a <1%).
Inspirada na extração de grânulos magnéticos – um processo onde grânulos magnéticos são usados para extrair e purificar ácidos nucleicos – a LuminUltra desenvolveu um método de teste de águas residuais de baixo custo. Devolve resultados em apenas 2 horas, com uma recuperação viral de aproximadamente 20%, mais preciso do que os métodos convencionais. Feito com o mínimo de equipamento e não requerendo especialistas altamente treinados.
Quem usa estes dados e como?
Geralmente, o teste de águas residuais é usado como um método de vigilância para determinar tendências e detetar surtos de COVID-19 nas comunidades e informar as autoridades de saúde pública, e proceder ao aumento de restrições ou de testes clínicos. O método foi usado para detetar o SARS-CoV-2 na Holanda, EUA, Espanha, Austrália e Itália.
Embora este método esteja ainda a ser explorado como uma solução em muitos locais, é de particular interesse para municípios e instituições com populações vulneráveis ou densamente distribuídas, como lares de longa permanência ou residências universitárias. Casos de uso emergentes como locais de trabalho com funcionários, escritórios, aviões e navios de cruzeiro também poderá ser uma solução a ser implementada em breve.
Nota: Este processo não determina o número exato de pessoas ou famílias infetadas numa comunidade ou identifica quem são os indivíduos infetados. Em vez disso, determina o nível geral de infeção de uma comunidade e oferece a capacidade de monitorizar tendências e surtos. Por outras palavras, a privacidade de uma comunidade não é afetada quando o teste de águas residuais é implementado.
Os testes à COVID-19 para águas residuais são seguros?
Sim, é. Uma vez que a amostra de água residual é combinada com o tampão de lise, o vírus é inativado. O uso adequado de equipamento de proteção individual, como máscaras, luvas, batas e protetores faciais (todos típicos para testes de águas residuais), reduz o risco de infeção a praticamente zero.